segunda-feira, 30 de maio de 2011

Relatório anual do programa Justiça ao Jovem no Conselho Nacional de Justiça

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No dia cinco de março foi apresentado o relatório anual do programa Justiça ao Jovem no Conselho Nacional de Justiça. O programa apresentou um diagnóstico da situação do sistema socioeducativo dos jovens em conflito com a lei. O levantamento da situação atual abrangeu 18 estados, conseguindo abarcar as regiões norte e nordeste, mais os estados de Góias e Santa Catarina e o Distrito Federal; ao todo foram 116 unidades visitadas. As conclusões do documento são alarmantes: diversos episódios de tortura foram relatados; ausência de integração das informações entre os diferentes atores do sistema de justiça para os adolescentes; a maioria das unidades está deteriorada; inexistência de projetos pedagógicos devido à falta de material e/ou professores, além de assistência médica precária.


Confira a matéria na íntegra:

Unidades de internação de adolescentes têm déficit de 559 vagas


O relatório anual do programa Justiça ao Jovem foi apresentado e aprovado nesta terça-feira (5/03) durante a sessão plenária do Conselho Nacional de Justiça, pelo conselheiro Walter Nunes da Silva Jr. O programa, que realizou um diagnóstico do sistema socioeducativo dos adolescentes em conflito com a lei, visitou, em 2010, 18 estados, incluindo toda a região norte e nordeste, os Estados de Goiás e Santa Catarina e o Distrito Federal. Foram 116 unidades de internação visitadas, com um total de 5.305 adolescentes internos; no entanto, as unidades apresentam 4.746 vagas, o que revela um déficit de 559 vagas no sistema. O relatório conclui que o tratamento dado aos adolescentes em conflito com a lei não difere em nada daquele dispensado aos adultos encarcerados, quando não é pior. Os diagnósticos apresentados pelo Justiça ao Jovem resultaram, por vezes, na recomendação do fechamento de unidades de internação por falta de condições adequadas de sobrevivência*. “Há um descompasso muito grande entre o discurso e a prática, o Executivo não investe nos estabelecimentos nem na reeducação”, diz o conselheiro Walter Nunes.(grifos nossos)

Em dezembro de 2010, foi decretada a interdição do Centro Educacional São Lucas, no município de São José, em Santa Catarina, após denúncias de tortura e outros tipos de agressão a adolescentes que cumprem medidas socioeducativas. O CNJ também recomendou o fechamento da unidade Plantão Interinstitucional de Atendimento (Pliat), de Florianópolis, onde há idêntica situação de violência. Em ambas unidades, a equipe do CNJ concluiu, após relatar diversos episódios de tortura, que os ambientes eram semelhantes a uma masmorra da Idade Média. Este ano, foi determinada a desocupação gradual do Centro de Atendimento Juvenil Especializado (Caje), de Brasília. A recomendação ao governo do Distrito Federal (DF) foi enviada em dezembro após o programa Justiça ao Jovem visitar as quatro unidades de internação do DF, e constatar a necessidade de melhorias para garantir a ressocialização dos menores. “Vamos encaminhar o relatório ao Executivo, ao Ministério da Justiça, Secretaria de Direitos Humanos e governos estaduais”, diz o ministro Cezar Peluso, presidente do CNJ. De acordo com o presidente, a situação atual é da maior gravidade, revelando o sistema arcaico e medieval de nossas cadeias.

Falta de controle – De acordo com o relatório apresentado nesta terça-feira, após as visitas em todo o país constatou-se que inexiste um controle efetivo a respeito da população de jovens internados, seja por parte do judiciário, seja pelo gestor do sistema. Em nenhum estado visitado se viu integração informatizada entre os diversos atores do sistema de justiça para os adolescentes, como o Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, Gestor do Sistema, Unidades de Internação, etc.

Segundo o relatório, a falta de uma forma de controle mais efetivo permite que adolescentes sejam transferidos de unidades sem qualquer autorização ou mesmo conhecimento do juízo responsável, dificultando o acompanhamento da execução da pena. Muitos jovens se encontram recolhidos quando poderiam estar livres ou em cumprimento de medida em meio aberto ou semiliberdade.

Péssimas condições – O relatório demonstra que a maioria das unidades visitadas se encontra deteriorada, uma boa parte sem qualquer condição de abrigar com dignidade um ser humano, quanto mais adolescentes, com pessoal em número defasado, sem qualquer proposta ou projeto pedagógico.

Muitas unidades são antigas, ainda com conceito arquitetônico prisional e segregador, isso quando não são delegacias interditadas para adultos, e reformadas para receber os jovens em custódia. O problema da superlotação é recorrente, com jovens amontoados em locais insalubres e sem qualquer condição de higiene*. (grifos nossos)

Não existe nas unidades de internação oficinas profissionalizantes (quando existem, falta material ou professores), nem atividades físicas e de lazer. “Isso desmistifica a crença de que adolescentes ficam impunes. Eles são mantidos em condições semelhantes a dos adultos. Ficam 24 horas presos sem qualquer atividade, o máximo é banho de sol e aula, quando há”, diz o conselheiro Walter Nunes.

O relatório conclui que, sem um projeto pedagógico, as unidades se transformam em verdadeiras prisões, onde apenas a segregação e o isolamento são realidades. Além disso, a violência acaba por ser a única forma de relacionamento entre jovens e educadores, monitores ou agentes de segurança.

É muito precária a assistência médica nas unidades de internação. Poucas dispõem de unidades de saúde, que, quando existentes, salvo raríssimas exceções, estão mal aparelhadas e com escassez de remédios e medicamentos. Os atendimentos médicos e odontológicos limitam-se, no mais das vezes, a situações de urgência, recorrendo-se ao Sistema Único de Saúde - SUS dos municípios. Apenas nos estados da Bahia e do Pará foram encontradas unidades de atendimento e custódia de adolescentes com comprometimento psiquiátrico.

Recomendações – Em todos os estados visitados, o CNJ reuniu-se com as autoridades competentes e sugeriu uma série de recomendações ao poder Judiciário e ao Executivo. Dentre as principais recomendações feitas ao Poder Judiciário, estão a regionalização e especialização de Varas da Infância e da Juventude com competência, exclusiva ou não, para a Execução de Medida Socioeducativa e a criação de um sistema informatizado para controle e acompanhamento dos autos de execução das medidas socioeducativas.

Já ao Poder Executivo, o CNJ recomendou principalmente o cumprimento dos padrões mínimos de salubridade e higiene nas unidades de internação*, a implantação de atendimento psicossocial nas unidades, com equipes próprias e especializadas, e a melhoria da qualidade e quantidade da alimentação fornecida aos adolescentes. A garantia de escolarização para todos os internos também é uma recomendação constante do CNJ em todas as visitas realizadas. (grifos nossos)

Luiza de Carvalho
Gilson Euzébio
Agência CNJ de Notícias

Por: Maísa Moura

P.S.: * Mais uma vez fora demonstrado pelo próprio CNJ que os agentes trabalham num ambiente insalubre. Fazendo jus portanto a gratificação de insalubridade.

sábado, 28 de maio de 2011

PETIÇÃO: PORTE DE ARMA PARA AGENTES DE EXECUÇÃO DE MEDIDAS SÓCIOEDUCATIVAS

"Petição para Porte de Arma de fogo para autodefesa da vida dos Agentes que atuam em unidades responsáveis pela execução de medidas sócioedu..."

http://peticaopublica.com/PeticaoVer.aspx?pi=P2009N890

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Como é o tratamento ao menor infrator nos Estados Unidos

Lá os Agentes são tratados com dignidade pelo governo (são Policiais).

Será que algum dia no Brasil será assim?!?!.


quinta-feira, 5 de maio de 2011

Mais um avanço na PEC 270/08 - Governo admite aposentadoria integral por invalidez

O secretário de Políticas de Previdência do Ministério da Previdência, Leonardo José Rolim Guimarães, admitiu ontem, em audiência pública da Comissão de Seguridade Social e Família, a possibilidade de o governo vir a apoiar a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 270/08, da deputada Andreia Zito (PSDB-RJ), que torna a aposentadoria por invalidez no serviço público integral e com paridade em relação aos servidores da ativa.

Segundo o secretário, a proposta é “meritória e tecnicamente viável”. O apoio do governo, explicou Guimarães, vai depender de ajustes no texto da PEC, em especial a não retroatividade e a não extensão da mudança às pensões por morte.

Hoje, a aposentadoria por invalidez pelos regimes próprios de previdência do servidor é proporcional ao tempo de contribuição. Já pelo Regime Geral da Previdência Social (do INSS) é integral.

Diferença - Para o relator da PEC, deputado Amauri Teixeira (PT-BA), não faz sentido essa diferença de regra. “As razões que justificam a aposentadoria por invalidez são as mesmas, independentemente do regime”, argumentou.

Teixeira acrescentou que a aposentadoria por invalidez integral foi retirada do servidor público “numa época de acirramento da ofensiva neoliberal”.

Por sugestão dos deputados Policarpo (PT-DF) e Benedita da Silva (PT-RJ), os integrantes da Comissão de Seguridade Social vão procurar o presidente Marco Maia, o líder do governo, Cândido Vacarezza (PT-SP), e os líderes partidários para pedir que a PEC seja incluída na pauta do Plenário. A proposta foi aprovada por comissão especial em novembro de 2009, mas até hoje não foi incluída na pauta por falta de acordo entre os líderes.

Finanças - O secretário do Ministério da Previdência informou que, para a União, o impacto financeiro da PEC seria de R$ 1,1 bilhão anuais, sem o pagamento retroativo. Com o pagamento, o impacto poderia ser bem maior, o que preocupa o governo, assim como os estados e municípios.

O presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita (Anfip), Jorge César Costa, defendeu a PEC pelo ângulo do conceito da seguridade. “A previdência é um contrato de seguro, foi feita para proteger o trabalhador, não pode desampará-lo”, argumentou. Já o secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal, Josemilton Maurício da Costa, defendeu a permanência do caráter retroativo.

Fonte: Câmara Federal